Sala de Aula Invertida: mudando o modelo do ensino tradicional

Flipped Classroom: Estudantes fazem atividades e discutem a prática sob a orientação do professor

Tanto nas salas de aula presenciais quanto nas virtuais ainda é comum a prática do ensino tradicional, com métodos baseados em aulas expositivas, e pouco espaço para discussões e interações. Mas este é um modelo que já vem sendo criticado por especialistas há pouco mais de um século.
John Dewey, autor do livro “Vida e Educação”, publicou sua primeira crítica já em 1916. E ele é apenas um entre muitos outros teóricos cognitivistas a criticar o modelo “tradicional” de ensino. No livro Inovando a universidade do século 21 (tradução livre), Williams Tapscott enfatiza: “a aprendizagem baseada na transmissão pode ter sido apropriada para uma economia e uma geração anterior, mas cada vez mais ela está deixando de atender às necessidades de uma nova geração de estudantes que está prestes a entrar na economia global do conhecimento.”

 

“Flipped classroom” como alternativa

O modelo tradicional de ensino começou a ser repaginado à medida que as tecnologias digitais de informação e comunicação começaram a fazer parte do dia-a-dia dos estudantes e dos professores. A educação a distância foi ainda mais impactada, uma vez que esta forma de estudo exige que o estudante seja mais agente do seu processo de aprendizagem, e deixe ao professor o papel de mediador.

Foi neste novo cenário que o conceito de flipped classroom (ou, em português, sala de aula invertida) começou a surgir. Mas foi a partir de 2010 que o termo ganhou relevância, estimulado por publicações internacionais.

Nos Estados Unidos, segundo conta J.A. Valente, no livro “Blended learning e as mudanças no ensino superior”, há inclusive uma organização chamada Flipped Learning Network (FLN). Com mais de 25 mil educadores participantes, a organização “divulga conceitos sobre a aprendizagem invertida para que educadores possam implantá-la com sucesso”.

 

Mas, afinal, por que “Sala de Aula Invertida”?

Sala de aula invertida: professor e novas tecnologias para melhorar a aula

Como a mudança é principalmente metodológica, é necessário que o conteúdo seja cuidadosamente planejado para este fim, pois caberá ao aluno fazer o estudo do conteúdo, enquanto o momento de interações com os professores, seja a distância ou presencial, será focado nas práticas.

Isto significa que as atividades e aplicações que antes o aluno fazia em casa, agora passam a ser feitas na sala de aula, presencial ou virtual, com a mediação do professor. Daí o nome de Sala de Aula Invertida, em português, e Flipped Classroom em inglês.

Este é um método que pode tranquilamente ser utilizado tanto no ensino híbrido quanto no ensino totalmente a distância. Contudo, é necessária especial atenção ao conteúdo. Para que o aluno consiga compreender a parte conceitual e entender sua aplicação durante a interação com o professor, o conteúdo deve ter sido adequadamente planejado, redigido, didaticamente estruturado, e editado em uma linguagem dialogada. Além disso, deve ser permeado por recursos didáticos como exemplos, imagens, infográficos, tabelas, gráficos e outros recursos que facilitem o aprendizado.

 

Então é possível colocá-lo em prática?

Sim! Talvez seja mais fácil iniciar este processo no EAD, que já tem por prática preparar os materiais a fim de facilitar o entendimento do aluno. Mas o ensino presencial precisa avançar no uso das tecnologias digitais de informação e comunicação, e implantar o Blended Learning, ou Ensino Híbrido, pode ser a forma mais fácil de fazer esta transição e aplicação da metodologia Sala de Aula Invertida.
Contudo, é importante lembrar de uma certa barreira cultural do estudo tradicional: tanto alunos quanto professores estão acostumados à metodologia de aulas expositivas, com pouca ou nenhuma participação dos estudantes.

No livro Sala de Aula Invertida: uma abordagem para combinar metodologias ativas e engajar alunos no processo de ensino-aprendizagem, de 2017, Schmitz explica que a “adoção da sala de aula invertida retira ambos, aluno e professor, de suas zonas de conforto. As atividades de baixa cognição, antes providas pelo docente em sala de aula, passam para a responsabilidade do aluno, que deve administrá-las em seu tempo pessoal.”
O maior desafio, contudo, não é apenas o cuidado com que se deve tratar do conteúdo, mas o fato de que ambos professores e alunos precisam compreender esta nova forma de ensinar e aprender.

Todos sabemos que mudar cultura não é simples. Requer tempo, capacitação e compreensão dos ganhos. É necessário que professores e aprendizes percebam que todos ganham com a Flipped Classroom.
Você pode ler mais sobre as tendências das novas tecnologias no ensino nos posts sobre Objetos de Aprendizageme sobre as  5 tendências do Ensino a Distância que vieram para ficar.

 

Rita Guarezi, Diretora de Educação da DTCOM.

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